MUSEU CASA DA FREIRA

0s museus não são apenas os grandes repositórios dos vestígios materiais do homem e do meio que nos rodeia, mas são também os lugares privilegiados onde se encerra a nossa memória colectiva, mostrando a quem nos visita quem fomos, o que somos e muito do que queremos conservar para o futuro. Têm, também, como finalidade recolher, conservar, pesquisar e valorizar de diversas maneiras um conjunto de elementos de valor cultural e ambiental, colecções de objectos artísticos e históricos.
Em Penacova existem alguns pequenos museus, de dimensão local, que, tendo em conta a sua especificidade, conservam e mostram um pouco dos nossos costumes e história.
Curiosamente, no sítio na Internet da Câmara Municipal de Penacova, na secção Turismo e Cultura, verificamos alusão a três museus: Museu do Moinho Vitorino Nemésio, Núcleo Museológico dos Cabouqueiros (Fornos da Cal) e dos Carpinteiros e Museu de Lorvão. O Museu da Freira, o único museu da Vila de Penacova, não tem honras de figurar na lista de museus a visitar o que sugere algumas divagações.
Na verdade, trata-se de um museu modesto comparado com o valioso acervo do Museu de Lorvão ou com o Museu do Moinho. Contudo, é uma casa museu, conforme indica uma placa de latão afixada à entrada, onde estão guardados algumas das memórias desta terra.
Como museu tipicamente etnográfico, podemos ver aqui retratado actividades tradicionais e o quotidiano do povo do concelho de Penacova através de fotografias, objectos e trajes. Também poderemos folhear exemplares de jornais, Notícias de Penacova (algumas do tempo da Monarquia) verdadeiros documentos que retratam tão bem a sociedade penacovense ao longo de alguns anos.
É um pequeno e interessante museu, mas… está fechado. Há já algum tempo, talvez anos, que o museu está encerrado.
É intrigante a pouca importância dada ao museu pelas entidades maiores, nomeadamente a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia. Será que o museu não representa uma mais-valia em termos oferta cultural para o povo e para quem nos visita? Ou será que o exíguo espaço não dignifica o acervo?
Na verdade, seria óptimo que existisse um espaço maior, que servisse não só para guardar o espólio museológico mas também para expor trabalhos (pintura e escultura) dos nossos artistas. Atrever-me-ia a sugerir o edifício do tribunal, quando os seus serviços fossem transferidos para o projectado tribunal da Eirinha. Devido à sua centralidade e história (já foi prisão) é o edifício indicado para ser o futuro museu de Penacova. Além de funcionar como museu teria outras valências como local de exposições temporárias. Existem no concelho artistas, contemplados com prestigiados prémios, que devem ser acarinhados e apoiados durante a sua existência e serem-lhes dado a oportunidade de mostrarem aquilo que tão bem sabem fazer e pelo qual são reconhecidos pelo país fora.
A história, os costumes e tradições do concelho incentivaria a procura de acervo pelas aldeias e tenho a certeza que muita coisa, se encontraria a fim de enriquecer este potencial museu, que me atrevi a imaginar.
Como dizia Fernando Pessoa: Deus quer, o homem sonha e a obra nasce. Será preciso um deus que queira realizar o sonho descrito atrás?
Voltando ao Museu da Casa da Freira e desconhecendo as razões para que este permaneça fechado, mesmo no período estival, seria demais interessante que o colocassem na rota dos museus de Penacova, mesmo sendo a sua importância relativa.