quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

LENDA DO RIO MONDEGO


Nos tempos recuados da Idade Média, vivia junto aos montes Hermínios, numa vasta planície, um rei godo, do povo muito amado. Houvera de sua mulher uma linda menina, branca como luar de Janeiro, cintilante como as estrelas douradas a luzir no firmamento nas noites límpidas e puras.
- É branca como as estrelas, diziam as aias que a vestiam.
E os pais da princesinha sorriam de contentamento e diziam um para o outro:
- Pois há-de chamar-se Estrela.
Este lindo nome recebeu no Baptismo e quanto mais crescia, mais as estrelinhas, suas irmãs, a invejavam da sua beleza...
Na corte havia um cavaleiro esbelto chamado D.Diego (ou Diogo - já se não sabe ao certo) que gostava muito da princesinha. Muito se amavam e passeavam juntos, em alegria, horas infindáveis...
Veio um dia a guerra contra os Árabes, em terras distantes e D.Diego partiu com o rei. A linda Estrela ficou desolada, cheia de saudades, a chorar seu cavaleiro ausente!...
O coração não suportava essa separação já longa e resolveu subir aos altos montes das redondezas a ver se avistava D.Diego no seu regresso. Foi com as aias até ao cimo dos mais altos penhascos, onde trepava todos os dias na esperança de ver ao longe o cavaleiro ousado, o seu querido D.Diego, no seu cavalo branco em que fora pelejar contra os Mouros.
Dos cerros íngremes, tão altos que quase o céu se tocava com a mão, a linda princesa espraiava o olhar na distância infinda, mas do seu cavaleiro ausente não divisava nada... Triste, muito triste, mais triste do que a noite, chamava em voz alta:
- Mon-Diego! Mon-Diego! Porque não vens?
Só as rochas negras repercutiam o eco:
- Mon-Diego! Mon-Diego!...
Assim passaram dias, assim correram noites de infindável angústia durante os quais os olhos da princesinha eram duas fontes de lágrimas de água pura a correr. Água tanta nos seus olhos derramaram que ela foi correndo, serra abaixo...
Os pastores e as gentes da serra ouviram, ainda, durante muito tempo, o eco das cavernas repetindo as exclamações da princesa que ali morreu de pena.
- Mon-Diego! Mon-Diego!...
E, por isso, deram esse nome ao rio que ali se formou das lágrimas da princesinha e que é nem mais nem menos que o nosso manso Mondego. E à serra alta, que até então se chamava Montes Hermínios, deram o nome da formosa princesa Estrela, tão linda e esbelta, e formosa como as estrelas do céu...

4 comentários:

  1. Já não se fazem histórias como esta…
    Mas olha que a Garina para trepar a Serra da Estrela tinha que ter bom folgo…
    Até de carro, e nem é necessário a neve, é o que se sabe… ;)))))))))))))

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  2. Penacova é um mimo que qualquer pessoa gostaria de ter. Eu que já era apaixonada pelo Rio Mondego, agora depois de conhecer essa História, passei a suspirar. Só poderia ter uma linda história de amor para coroar a beleza e charme desse lugar. Sou Penacovense de coração, embora brasileira.
    Valerá a pena com certeza, investir no turismo de Penacova. Boa sorte. Heliana

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